Saudades...

Hoje sou saudade, e a saudade sou eu. Vou matá-la, metê-la em frascos, enrolá-la em papéis, dizê-la em lenços, cobri-la em lençóis. É mais fraco e duro o que esconde do que aquele que verdadeiramente se entrega sem medo da perda. E hoje é só saudade o lugar que fica. É assim que de longe vê... É um lugar numa parede, é um perfume mal guardado, são os livros dispostos, são os sonhos agarrados, as fotos modernas, os telefones. É o skype, é o face, é o e-mail. São as cartas, os recados. Os arrependimentos. É a forma mais estranha de conhecer, de viver, de entregar. Chegar e fechar os olhos, partir e abrir a alma. Mau feitio de mim desinquieta, honesta, simples. É o riso, o abraço, o cheiro, é o olhar, são os olhos, é o corpo desajeitado. São as horas tardias. Uma cama partidas. Os lençóis rasgados. A inexperiência de quem brinca. A vontade de quem não quer amar. A incapacidade de se entregar. Sou eu feita em saudade. E a saudade sou eu... 

                                           

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