“Bebeu um pouco de refresco, olhou distraidamente a linha longínqua do limite do mar. Havia no rapaz uma notícia a dar, mas a rapariga não sabia como fazer a pergunta certa para estar certa com a resposta que queria ouvir. E de súbito disse:
– Pediste-me para estar aqui às quatro horas. Telefonaste-me duas vezes. Vieste à praia para isso. Porque é que afinal vieste?
– Mas tenho estado a explicar-te porque vim.
– Tens estado a explicar porque vieste. Mas falta o mais importante. Falta dizeres por exemplo que tudo está acabado entre nós. Falta dizer que essa tal tua amiga sempre conseguiu o que queria. Falta dizer que nunca me achaste tão bela como hoje, mas que já me não podes amar. Falta dizer isso, mas tens de preparar o terreno, porque a coragem nunca foi o teu forte e julgas que não é o meu. Falava devagar mas com uma grande intensidade interior, e ficou assim ruborizada, os olhos brilhantes de violência.”
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